VAMPIRO DO DIA - Capítulo 2 - O DIÁLOGO E A DÚVIDA
De imediato passei a pensar como deveria agir em relação ao homem estranho que teria acabado de conhecer. Por tudo que teria presenciado e ouvido de forma não comum. No interior do meu pensamento passaram a existir várias perguntas. De repente, sobre algo que deveria parar para observar diferente. Um instinto já cobrava o meu pensamento pela vontade de descobrir e conhecer.
Caminhando bastante pensativo, achei melhor conversar com outras pessoas, sobre o tal homem, que muito teria me impressionado. Resolvi entrar em uma lanchonete que não tinha nome e que possuía uma das paredes de cor vermelha. Naquele instante era aproximadamente quase dez horas da manhã, mas ela estava cheia de pessoas que andavam de forma bastante agitadas. Enquanto umas entravam outras saiam.
Parei e sentei numa mesa que ficava no interior e pedi uma água mineral para beber. Um homem bem alto e de olhar profundo me atendeu, e se dirigiu ao balcão para pegar a água para me servir. Logo chegou e servindo a água no meu copo dizia:
- O senhor somente vai querer água? Foi então que decidi pedir o gelo porque a água não estava gelada como gosto.
Por incrível que possa parecer, achei aquele homem também um tanto estranho. O tempo todo algo me perguntava, se tudo que estava vendo poderia ser coincidência somente, ou até melhor dizer dúvidas! Lembrei, que teria visto que as mãos daquele homem pareciam mais delicadas, como sendo de um homem de trato fino e fidalgo. Que não combinava até com o vestuário que vestia com o seu estilo de trabalho. Que ao contrário de um avental, usava uma roupa escura de cor quase preta, mais parecida com o vestuário de um mecânico de oficina.
Apesar de ter também observado que falava com um certo carisma de atenção. Tudo que via poderia ser somente uma impressão, que findaria em pensamentos não comuns, mais sem nenhum sentido talvez.
Logo saindo daquele local, o chão parecia ficar girando, pensei, estou cansado, pois na noite anterior não teria quase dormido. Foi então que decidi ir ao hotel para descansar. Era o meu lugar de repouso e que estava praticamente morando há quase três meses.
O hotel ficava perto daquela rua de mistérios para mim desde então. Chegando no hotel, peguei o elevador e apertei o segundo andar. Lá chegando, pensei ainda trocando de roupa para tomar banho, será que estou vivendo um sonho ou isso tudo é verdade? Começava a água do chuveiro a cair e o sabão descendo no meu corpo, passei a fazer tantas imaginações que disse para mim de repente, é melhor parar. Eu acho que preciso mesmo é descansar e assim fui para cama dormir.
O sono me levou para o descanso e comecei a dormir. Tudo se aliviava e no tremendo descompasso parecia que estava acordado. Na verdade começava a viver um sonho diferente. Achava que sentia o meu pensamento também diferente, como pensando em duas dimensões a do sonho e a vida de antes.
Descobria o quanto era fértil a minha imaginação, nunca se distanciando de sempre querer conviver e viver com a verdade. Mesmo, que essa verdade fosse até inusitada. Talvez, pelos valores que podem ser interpretados e aproveitados de forma escrita no sentido das qualidades e dos sentimentos do homem.
Naquele mundo diferente, passei a ver um lugar que lembrava à Rua do Bom Jesus, mas que não tinha nenhuma das construções dos dias de hoje.
Existia somente uma rua de chão de terra, que no final tinha um grande casarão cheio de árvores e outras plantas rasteiras. Um cheiro diferente impressionava o meu olfato. Uma vontade desprendia de dentro de mim para alcançar aquela mansão antiga.
Dizia o meu interior, você tem que continuar. Parecia que era uma cobrança, que o tempo seria o maior responsável por fazer. Quem sabe um sinal de uma melhor resposta de vida.
Um ar sombrio se espalhava pelos arbustos que olhava naquele local um tanto esquisito. Procurava se naquele local tinha alguém. E nada de encontrar ninguém. Foi assim que decidi começar a gritar:
- Tem alguém ai?
- Bom dia gente!
Nada me respondia somente o silêncio sustentado pelo pássaro grande que voava na direção de uma das árvores de folhagens quase secas.
Do lado direito parecia que tinha um riacho ou corredor de água, que na verdade parecia ter sido construído de forma artificial. Não seria um bosque, mas às vezes sentia essa impressão.
De tanto querer algo encontrar terminei vendo um menino. Resolvi parar e conversar com ele. Observei que ele tinha olhos verdes e era um tanto desconfiado. Que possuía uma estrutura bastante franzina. Que vestia uma camisa de cor crua, como um algodão um tanto amassado e velho. E logo ouvi a voz do menino que dizia:
- De onde você vem?
Eu respondia:
- Eu posso conversar com você?
Na verdade eu tinha naquele instante muita vontade de falar com ele. Então, eu resolvi afirmar:
- Eu quero fazer algumas perguntas. O menino olhava nos meus olhos, com um certo medo.
Mas somente depois que disse que gostava de escrever, ele parecia demonstrar interesse de ouvir. A melhor obra daquele momento eu teria de investir. O meu consciente dormia, mas o meu inconsciente estava tão acordado para querer descobrir.
Que falava muito naquele momento, como não faço de costume, na vida quando acordado. Sempre penso muito antes de fazer qualquer coisa. A razão fala junto com o coração para fazer o equilíbrio. São valores do interior que falam mais alto.
Assim perguntei ao menino:
- Você vive neste casarão, ou mora por aqui por perto?
O menino dizia:
- Já fui muito feliz mais hoje sou triste. Nada sei, ou melhor, tem coisas que não posso lhe dizer.
Foram essas palavras, que passei a sentir que teria mesmo um mistério naquele local. A sombra de um sonho a uma outra página de realidade, vivia na verdade duas histórias.
Não sabia separar e nem saber se queria continuar ou se na verdade eu estava dormindo para descansar. Olhei do lado e aquele menino queria caminhar na direção contrária daquele casarão antigo.
Comecei a chamar o menino perguntando:
- Como é o seu nome.
O menino não olhava para trás. Gritei, para o menino parar!
- Fala pra mim o seu nome.
O menino respondeu:
- Eu fui criado por um monge antigo do outro lado do mar.
Então, eu tive vontade de sorrir.
- Como pode ser isso menino?
- O outro lado do mar fica onde?
- Quem foi o monge que te criou?
Achei as palavras do menino e o olhar como de um jeito meio maluco. Aquelas respostas que ouvia daquele menino pareciam muito estranhas. Passei a indagar:
- Você falou mesmo monge, foi?
- Como é então o nome dele?
O menino me respondeu:
- O meu nome é Silvino, mas sou conhecido como Assunção que foi o lugar de onde eu vim. Resolvi fazer mais uma pergunta ao menino:
- O que é Assunção?
O menino me disse:
- Era uma ilha bem grande.
Por alguns instantes parecia que ressonava me mexendo na cama, mas sem querer acordar. Fugia daquele lugar a minha imaginação. Voltava tudo de novo, parecia que estava acordado e de repente estava dormindo. A voz do menino ainda ouvia bem perto dos meus ouvidos. O olhar profundo parecia fazer uma cobrança. Os olhos de repente pareciam com a cor do mar. Alguns sinais e sensações faziam permitir ver muitas visões ou até desaparecer pelo tempo. Do lado oculto do inconsciente começava um encontro com aquele menino. Do outro lado existia uma dúvida. Porque passava a ver uma pessoa que parecia incomum para uma realidade mais do que extravagante.
De repente sem nem poder controlar, a janela bateu com o vento que soprou, era a chuva que começava a cair na rua. E logo me acordei sentindo no ar uma sensação muito diferente, que nunca teria acontecido comigo até então.
Comecei a relembrar tudo tão perfeito que peguei um papel e comecei a escrever. Que coisas estão acontecendo comigo! Nada disso é por acaso, deve existir uma razão. Um momento conhecia um homem que de tanto ter me impressionado, não conseguia parar de pensar. E logo depois, num sono depois de muito cansado, passei a viver uma outra realidade, como uma outra história.
De certo, preciso me alimentar, pois a sede era grande também. Assim, pensei falando comigo mesmo. Logo que passar o dia, irei esperar naquela mesma esquina aquele homem, até me cansar. Eu vou voltar àquele local para encontrar o homem de Saldanha. Afinal Silvino tem muitas coisas para me dizer. Quem sabe se devo acreditar ou até duvidar. Como bom investigador não posso parar, eu vou encontrar Saldanha. Eu quero ver Silvino de novo, todos vão saber. Somente depois de tudo, todos vão poder entender!
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