E Campel
O amor incondicional na visão do iluminismo poético
Textos
O VAMPIRO DO DIA - Capítulo 7 - O NOVO PERSONAGEM. O TEATRO IMPROVISADO.

Os dias seguintes que se passaram ficaram cheio de curiosidades e indagações até no ar. Teria de trabalhar pela grande quantidade de pedidos, para ser feita alguma análise do roteiro, quem sabe até os tipos dos personagens. Por onde passava, percebia que seguindo o nosso trabalho, já tínhamos na verdade um grupo de pessoas em vez de duas como foi tão planejado.

Resolvi fazer uma reunião no momento que estivesse mais acompanhado na perseguição de novos fatos e de novas caminhadas.

Desde cedo, pensei antes de sair, tudo isso. Que por sinal, tive a sorte de conversar com um turista que estava passando alguns dias naquele local, hospedado no mesmo hotel que morava e que me dizia algumas sensações estranhas segundo ele mesmo que teria ali passado. Parei para ouvir mesmo achando aquilo tudo bastante extravagante, pelos gestos e palavras.

Teve momento que parecia que estava contracenando em vez de conversar. Achei o homem de início um pouco extrovertido, de repente meticuloso e depois meio maluco. Ele falava que era filho de outra terra distante. Nessa hora me lembrei do tal homem de Saldanha. Permiti as palavras serem ditas de forma o mais natural possível.

Aquele homem pegou o jornal, de logo e prompto, começou a falar. Como se chama amigo, preferi perguntar.

- Ele me dizia, prefiro que me chame de burguês mesmo sabendo que nunca seria um desses homens. Pisquei os olhos preferindo me fazer de não entendido. Aqui tem muitas inspirações é melhor achar tudo normal. Mas o homem que queria falar como um burguês e se chamar também, talvez fosse o contrário, um revoltado da vida. Talvez, de uma vida mesmo mal entendida e da falta de vontade de viver.

Na verdade o nome dele era Gaspar de Vesuvio, ele afirmava o seu nome em vozes altas falando na direção do mar e chamando Vesúvio meu querido feito da vida. Da minha Itália querida do outro lado de lá.

Ouvia tudo sempre atento, como esperando um novo fato que poderia ser um novo achado para o trabalho que tanto já me realizava fazer.

Gaspar era mesmo surpreendente, porque fazia esquecer o tempo. Achava algo no meu pensamento para poder convidá-lo para seguirmos ao encontro de Joaquim Salgado.

Era a imagem de um homem autêntico dos rigores da voz e do olhar sempre determinado em querer mais falar. Ele olhava para as minhas mãos que sempre estavam querendo escrever, parecia que gostava de falar observando se alguém olhava para ele, ainda ficando mais animado. E nesse ínterim às vezes passava alguém e parava para escutá-lo.

No lado de fora do hotel tinha um pátio bem agradável e que possuía várias árvores frondosas, com algumas cadeiras de ferro tipo das praças antigas. Era o ar do local que fazia o céu diferente parecendo às vezes entristecer pelo silêncio que ficava. Mas, a voz daquele homem transmudava o estágio de nostalgia que se levara para uma nova encenação.

Era como um susto dos acontecimentos novos. Que solapava o mesmo local dos momentos calmos para um novo verso de verdadeiro pavor ou medo.

O homem dizia em voz extravagante, o Vesúvio tem muitos sinais de fogo, do mar de muitas vidas que gritam todos os dias. Ele me olhava de dentro dos olhos, dizendo: Olha pelos meus olhos que você pode ver o fogo. Que fogo, Gaspar, que podes falar dessa encenação?

O homem me fala:
-Me dar a minha capa, que ela me dar mais força. E de repente aquele homem, como num piscar de olhos veste uma capa de cor preta e que possuía um forro de veludo de cor vermelha.

Naquele instante, pensei que estava assistindo um teatro. Do centro do pátio do hotel, passava a se reunir dezenas de pessoas que passavam a olhar admirando de tudo que estava vendo.

O homem gritava em voz alta, venham todos para assistir o teatro ao ar livre. Entrem e se mantenham calmos se acomodando em silêncio. O homem mexia a sua capa com muita reverência e sempre procurando fazer bater como se asas possuísse. Que por coincidências, até combinava com a sua calça de cor preta dando mais inspiração para a cena que planejaria fazer.

O lado contente com o extrovertido se misturava, pelas palavras que expressava, sempre relembrando o grande mar do Vesúvio, da terra que não encantou. Pelo sentimento seguro que fosse para aqui ter podido chegar.

E dizia em voz alta, tem alguém aqui que quer se passar por um ator para poder ajudar o teatro. Esse teatro tem um palco natural e de verdade. E de lá do fundo, uma voz meiga gritou eu posso. Aquele homem ficou ávido pela conquista agraciada. E olhou para a jovem dizendo, você sabe imitar muito bem? A jovem respondeu em voz tímida, eu acho que sim.

Gaspar parecia ficar enfurecido preferindo ter que ensinar aquela jovem em vez de procurar outra pessoa para substituí-la. Dizendo logo em seguida, eu sou o homem da capa que tem fogo para falar e mostrar muitas histórias daqui. E você é a mocinha pálida que fica por aqui passeando sem nada saber e eu logo chego para lhe surpreender. Nesse momento estava quase uma platéia a assistir aquele feito histórico que nunca por ali teria acontecido.

Esse chão tem muitas histórias, façam silêncio para ouvir! Nenhum sinal era dado, somente as paredes do hotel ficavam brilhando diferente pela luz do sol que batia. Não era o calor, porque estava na época do mês de inverno. Aquele ar frio apesar do sol se ventilava pelo assobio que parecia fazer-se.

O homem dizia, ouçam as vozes que estão gritando! Peçam para elas aqui chegarem! Em um minuto mais, tinham pessoas que começavam a chorar quase numa mesma encenação. Outras pessoas ficavam sem entender e somente admiradas. Gaspar dizia! Nobres mentes burguesas! Aqui está um burguês. De um sábio ao escravo da terra quente, aqui fica a voz presente! Do outro lado da terra que o fogo ainda esquenta a forte e viva garganta. Foi o Vesúvio do mar, daquelas ondas que ficam a bater e por onde deixaram as vidas despedaçar.

Foram milhares e milhares, que ainda gemem das dores que ainda sentem. Multiplicadas pelas vidas que ainda lamentam nas ruas escurecidas e das noites dormidas deste lugar. Mostrando os remédios de hoje e dos dias distantes pelas noites assombradas das luas não encantadas. Aqui se enfeitam pelas vozes dos vampiros que muito vivem pela mesma sede de poder viver com esses eternos sobreviventes.

Tudo se assombrava de forma diferente. O eco das vozes que cada vez mais se aproximava lembrava um espetáculo de teatro ou de cinema ao ar livre. Gaivotas começavam a passar por cima daquele local. Em bandos levantavam o vôo para todas as direções, como que se estivessem sentindo medo daquele local.

Um estrondo sacudia aquele chão de pedra! Pensei que acontece aqui, será que estou vendo de verdade o que vejo, ou será que estou sonhando?
Saía bem rápido e ávido para procurar o que findaria aquilo tudo. E Gaspar sem nem pestanejar diferente balançava a sua capa de veludo, virando o lado vermelho para cima e deixando cobrir o seu rosto de vez em quando. Quando de repente, em vez de um rosto de um homem, passei a ver um rosto de um animal parecido com um lobo, um tipo de mão meio cabeluda ficava confundindo o meu olhar parecendo que estava sonhando.

Não era um sonho, porque me lembro, que o homem, fazia questão de me mostrar que estava à procura de alguém naquele local, como se estivesse tudo tão combinado como num teatro.

Na verdade ele estava contracenando com alguns atores que nunca teria ali conhecido antes. Era um momento solene, porque guardariam mais páginas dos meus escritos que tanto tenho feitos como missão.

Que passariam pelas paisagens novas, dos novos séculos afins, para em um dia do futuro, puderem ser entendidos pelas futuras gerações.

Aquilo tudo, deixaria uma lacuna no tempo, para contrariar as histórias de novas páginas de vidas que deixariam de viver para continuar vivendo em um outro local. Ávido por novas vidas de esperanças e de novas realidades.

Foram aquelas criaturas que morreram no antigo Vesúvio, deve ter sido da época antiga dos familiares de Gaspar. Mas, como entender, se Gaspar ainda está aqui e vivo. Como isso pode estar acontecendo mesmo em uma cena de teatro?

Ainda mais como entender tudo isso em torno de uma história contada por Gaspar contracenando um vampiro na luz do dia?

Isso não poderia se quer representar um enredo ou historia de fantasia, mas parece como uma pura verdade agora dita por quem sabiamente viveu e apenas quer relembrar.
Essa fera do dia agora vem transmudar com paciência a nova fúria dos segredos deste lugar. Talvez agora às lembranças que se transfiguram em novos personagens tocam o verdadeiro arrepio. Do próprio medo que aqui se assoberba.

Aqueles ouvintes presentes ficaram mais calados ainda, quando o grito do homem da grande cena, pediu os sinal...olhando aos céus! Dizendo: Que se cheguem os sinais dos tempos! Que venham do firmamento sem nenhum medo! Podem falar agora! Podem trazer o arredio!

E com um desejo de um silêncio ainda maior, passou a contrariar fazendo gritar e se mexer de forma alucinante!

Venham os poderes! Das raízes profundas dos mares! Tragam as cores dos mares transformados pela verdade dos mistérios. Que sejam sempre levadas pelas formas traduzidas e sempre pela mesma coragem de como fazer as escritas.

Os espaços da grande cena se vestiam de novos adeptos e de novos ouvintes. Tudo já parecia um outro tempo ou uma outra vida ou época. Era um túnel do tempo se abrindo para uma nova fase do pensamento, como vivendo numa fase da vida em um local, vendo de repente vários locais e vários tempos.

No vai e vem dos espaços apertados pelos ouvintes presentes tudo parecia diferente. Porque em vez de conseguir enxergar Gaspar, podia ser vista a moça também se transfigurando. No caso, em uma personagem raivosa como atacada pela emoção que se fazia naquele instante!

Ela gritava de forma estonteante e furiosa meu nome é Pompéia da terra de onde eu vivi. Tudo ali ainda continua. Novas vidas aparentes mais muito antigas que guardam todas as provas como se nada ali tivessem vivido. E como entender, que alguns instantes antes, aquela jovem moça que mal falava alto pela voz tão meiga, podia daquele jeito gritar!
Ela mostrava para todos os seus temores, dos sofrimentos que muitos que ali chegavam estavam sentindo. Franzia a testa pela expressão forte. De calor parecia ficar sentindo, pelo suor que escorria quando encenava mal dizendo todas as forças contrárias, os males daqueles tempos.

Uma voz do fundo ouvia dizendo, vamos parar com essa palhaçada. Que diacho é isso! Aqui tem ordem neste local. Saiam todos daqui. E tudo ficava parado de repente, e levantei para traz percebendo que voltava do jeito de antes. As pessoas se dispersavam e começavam a procurar Gaspar e a tal moça sem conseguir enxergar nem um deles. Fiquei ansioso para poder vê-los, mas que nada sumiram na luz do dia por entre os presentes.

Fiquei perplexo sem conseguir entender. Essa história tem muitas voltas e vindas. De repente, alguém vai me explicar se assistiu todas essas encenações de maravilhas tão especiais ou quase perfeitas. Nos gritos e nos desesperos, foram clamados pelos tempos aqueles que mais sofreram no fogo daquele vulcão que em chamas destruiu vidas. Muitas delas que ainda sofrem as mesmas dores daquele tempo. Quem sabe por um momento, veio aos transes perfeitos para traduzir a força do próprio pensamento.

A jovem que ficou transformada apesar de meiga da voz de falar conseguiu transfigurar e gritou pela plenitude das próprias forças. Quem sabe, desejando poder compartilhar com aqueles sofredores. Que ainda pediu as vozes do tempo para ouvir os seus lamentos. Pelas novas formas de poder servir como ajuda ou socorro.

Foi de repente que me lembrei, será que aqui está próximo da Rua do Comércio?

Nessa rua, que recordo as palavras já ouvidas deste local, é que tem muitas histórias deste tipo.

As corredeiras que iam para a direção do rio levavam as jovens mulheres para carregar as sua trouxas de roupas para lavar. Eram chamadas de lavadeiras. Que saiam dos bairros centrais para os arrabaldes para fazer o trabalho naquele local que tinha o rio. Do mesmo jeito que tinham as vendeiras que fazia o trabalho de vender. Pereira da Costa registra a existência de um antigo Porto das Lavadeiras, que pelos meados dos anos de 1711, por onde se passava, antes de chegar no Varadouro subindo pelo rio Beberibe. Que naquele tempo se falava também do açude do monteiro, que as roupas que lá se lavavam prejudicava muito a água que servia naquele tempo o Recife.

Um novo personagem parecia acontecer. Uma nova história deste lugar. Uma nova visão de uma via diferente de um tempo bastante antigo mesmo. Uma inter relação entre pensamentos de uma realidade de vida com outras vidas não mais presentes. Que estaria de fato diante de um trabalho de mais um dia, que mal começava e que já traduzia uma nova história.

Aqui, de Recife, de lá de Pompéia onde o Vulcão Vesúvio deixou a sua chama ainda acesa, para continuar matando as novas vidas presentes no mesmo cemitério. Que talvez, que ainda existe na inconsciência da própria humanidade. Que os mistérios fazem os seus mitos nos sofrimentos daqueles pobres que lá sofreram e que de repente ainda estão esperando uma nova tragédia ou morte. Que há séculos se desesperam nos gritos da própria não sorte de lá ainda estarem vivendo a espera de um novo extermínio de raça e de geração.

Que seria mais nobre poder isso tudo não mais existir. Porquanto a terra é tão gigante de outros espaços de poderem existir sem nenhum grande perigo. Quem sabe, como deste mar despedaçado a força do vesúvio não fosse mais arredia, pelo fervor das suas armas mortais que se lançam.

O homem estaria menos selvagem, mais presente e quem sabe mais sábio para ficar obediente da voz natureza.

Os mistérios contam as histórias e novamente aqui encontraremos mais à frente, para reviver os grandes mitos.

Os mistérios contados nas vistas e nos sentimentos sentidos desse povo que se digna por saber servir aos próprios tempos da vida. Sejam presentes, sejam passados ou futuros das próprias consciências do hospitalários, dos recifenses desde outros tempos, pelos novos habitantes convividos do passado, ou mais que perfeitos ficaram na sua história.

Deixaram as suas marcas e as suas novas formas. Que depois serão transformadas em novas páginas dos achados. De repente, que novamente nobres, deverão ser aprendidos e sinalizados.

Novos tempos, novos dias e novas páginas do sucesso no desejo de poder prestigiar os verdadeiros nomes, dos verbos, dos consagrados advérbios e dos adjetivos presentes da consciência reinante mesmo ausente.



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E Campel
Enviado por E Campel em 28/11/2010
Alterado em 03/04/2011
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